Entendendo ser de interesse comunitário, haja vista a gravidade da conduta de militares da PM, esse Blog relata o teor de B.O registrado pelo Ten Cel Francisco José Lyra, comandante da 16 Cia da PM, em Três Corações.
Segue:
Por determinação do Sr. Ten Cel PM Francisco José Lyra,
Comandante da 16 Companhia Independente de Polícia Militar, compareci à
residência do casal Giuliano (policial militar Cabo PM) e Keli, já qualificados
neste evento, a fim de colher informações a respeito de uma suposta briga do
casal, que teria gerado lesões em Giuliano, bem redundado em disparos de arma
de fogo, confirma denúncia anterior através do telefone 190, ocorrida no
interior de sua residência, em data de 01/01/2022, por volta de 05h30min. Cita-se
que, anteriormente o 1º Ten PM Capistrano esteve no local durante o dia, no
momento do acionamento, mas não conseguiu contactar com o casal. Em contato com
o casal, preliminarmente, disseram que apenas tiveram uma discussão, sem citar
o motivo, na casa do amigo Jorge, já qualificado, também policial militar,
Sargento PM), discussão essa que continuou quando chegaram em casa, mas que em
nenhum momento houve agressões. Naquele momento foi contatado que Giuliano
estava com a perna esquerda engessada e com lesões pelo rosto, tendo ele
relatado que sofreu uma queda e bateu com o rosto na quina da mesa da cozinha
de sua casa. Foi verificado ainda que Keli estava com uma faixa envolvendo o
joelho direito, o que, segundo ela, causada por uma torção que sofrera, e razão
de uma queda. Constatamos que também se encontrava presente na residência a
Sra. Silvana (mãe de Giuliano), que nos confirmou as versões preliminares
apresentadas pelo casal. Ato continuo foi feito contato com 1º Sgt PM Jorge
Antônio Pinto, que disse que a discussão entre o casal se iniciou em sua
residência, e que Filipe (filho de Kely, e enteado de Giuliano), também estava
na confusão, não sabendo mais detalhes porque estava dormindo quando o fato
aconteceu. Em seguida foi localizado Filipe, que estava na casa de sua avó, no
Bairro Vila Viana, que então nos relatou uma versão, totalmente divergente da
então verificada. Segundo Filipe se encontrava na casa de sua namorada Luana
(filha do Sgt Jorge), em uma confraternização de fim de ano, na noite do dia
31/12/2021, e que também estavam na festa, sua genitora keli, seu padastro
Giuliano, Cristian (irmão de Giuliano), Rachel, namorada de Cristian, e a Sra
Silvana (mãe de giuliano e Cristian). Que por volta das 05h00min, já no dia
01/01/2022, ainda na confraternização, oportunidade em que sua mãe, Keli, lhe
disse que havia flagrado Giuliano beijando Luana, sua namorada, razão pela qual
Keli desferiu tapas em Giuliano, depois do que Giuliano entrou em sua
caminhonete e foi para sua casa. Narrou ainda Filipe que, antes desses fatos,
Cristian, Rachel e a Sra Silvana já haviam se retirado, indo para a casa do
casal Giuliano e Keli. Em seguida Felipe e sua, Keli, também foram embora, a
pé, sendo no caminho alcançados por Jorge (pai de Luana), que estava em seu
veículo particular, e lhes ofereceu carona, porém recusaram. Quando chegaram em
casa o Sargento Jorge já se encontrava no local, estando no quintal da
residência, enquanto que Giuliano estava no quarto do casal. Que Filipe foi ao
quarto, onde Giuliano estava e iniciaram uma discussão por causa do fato de
ele, Giuliano, ter, supostamente, beijado Luana, em seguida a discussão evoluiu
para luta corporal, tendo Giuliano e Felipe sido contidos por Cristian, Rachel
e Sra Silvana. Que na oportunidade Giuliano, aproveitou a situação de estar
sendo contido pelos familiares, e se apoderou de uma arma de fogo, tendo
efetuado um disparo na direção de Filipe, sendo Giuliano em seguida sido
desarmado por Cristian, momento em que Felipe se aproveitou para sair do quarto,
ocasião em que Giuliano se apoderou de outra arma de fogo e novamente atirou na
direção de Felipe, e dessa vez também na direção do Sargento Jorge, tendo ele,
na oportunidade, efetuado três disparos, um deles atingiu uma parede de blindex
no interior do imóvel, contudo ninguém foi alvejado. Que Filipe, a fim de se
proteger, se escondeu atrás da porta da cozinha, e em dado momento,
aproveitando de um descuido de Giuliano, lhe aplicou um golpe "mata
leão", oportunidade em que Giuliano foi novamente desarmado pelos
presentes. Que depois disso Felipe e sua mãe foram para a casa de sua avó, no
Bairro Vila Viana. Que segundo ainda Filipe, em razão dos fatos sofreu um
corte, interno, na boca e uma equimose sob o olho esquerdo. Que por fim disse
Filipe que o Sargento Jorge também estava armado, mas que não o viu ameaçar
Giuliano com a citada arma de fogo, e que também não presenciou o Sargento
Jorge agredir fisicamente a pessoa de Giuliano. Pelo exposto Filipe foi
encaminhado ao pronto socorro do Hospital São Sebastião, onde foi atendido
conforme ficha médica número 29476, sendo em seguida liberado, em razão de não
mais estar em estado de flagrância, não sendo justificada sua prisão em
flagrante delito. Ante a todo exposto foi feito novo contato com o Sargento Jorge,
tendo ele declarado que promoveu uma festa de confraternização da virada do ano
em sua residência, tendo convidado Giuliano e seus familiares para a festa,
dentre os quais Filipe, enteado de Giuliano, namorado de sua filha Luana. Que
por volta de 05h00min do dia primeiro, já estando dormindo, foi acordado e
informado por sua esposa que o casal Giuliano e Keli haviam discutido e ido
embora, e que o motivo teria sido o fato de Giuliano ter entrado no quarto de
sua filha Luana, e tentado beijá-la. Que então pegou sua arma de fogo, entrou
em seu carro e se dirigiu para a casa de Giuliano, a fim de tirar satisfações a
respeito do ocorrido. Que apesar de estar armado, não utilizou a arma para
ameaçar Giuliano e também não lhe agrediu fisicamente, mas que viu Filipe
saindo correndo e Giuliano atirando em sua direção, que foram cerca de três
disparos, não sendo Felipe atingido. Disse ainda o Sargento Jorge que viu o
momento em que Felipe aplicou um golpe "mata-leão" em Giuliano, e o
irmão do militar, Cristian o desarmou logo em seguida, sendo o Cabo Giuliano e
Filipe contidos pelos familiares, tendo o Sargento Jorge ido embora logo na
sequência. Que o Sargento Jorge afirmou que não apresentava nenhuma lesão,
mesmo porque não participou do entrevero. Em novo contato com o Cabo Giuliano
este informou que realmente ele e Luana se beijaram, mas que o beijo não teria
acontecido no quarto dela, Luana, e ainda teria ocorrido com o consentimento de
Luana. Que sua esposa Keli viu o beijo, ocasião em que iniciaram uma discussão,
ainda na casa do Sargento Jorge, tendo em seguida saído da casa do Sargento
Jorge e ido embora sozinho. Prossegue Giuliano narrando que já se encontrava em
sua residência, em seu quarto, quando viu que chegarem Felipe e o Sargento
Jorge, estando o Militar empunhando uma arma de fogo, tendo a apontado,
primeiro para sua mãe, de Giuliano, Silvana, e depois ao próprio Giuliano,
razão pela qual, em sua defesa, se apoderou de uma arma de fogo, arma essa da
carga da PMMG e está sob sua cautela, e efetuou um único disparo em direção aos
autores Filipe e Sargento Jorge, tendo atingido uma parede de blindex. Que
depois disso foi desarmado e violentamente agredido, por socos, pontapés e
técnicas de imobilização, por Filipe e o Sargento Jorge, tendo sofrido rompimento
do ligamento do joelho esquerdo e lesões pelo rosto. Notou-se que no ensejo que
Giuliano já havia buscado atendimento médico no Hospital Unimed, conforme ficha
de atendiemento número 195605. Em outro contato com a testemunha Keli foi dito
ela que a discussão que teve com seu esposo Cabo Giuliano foi porque o flagrou
beijando Luana, na festa que participavam na casa do Sargento Jorge, e depois
disso Giuliano foi embora de carro e ela a pé, e que quando chegou em casa já
havia acontecido toda a confusão envolvendo o Cabo Giuliano, o Sargento Jorge e
seu filho Filipe. Que na ocasião constatou haver uma parede de blindex quebrada
por projétil de arma de fogo. Ao final dispensou atendimento médico. Já a Sra.
Silvana disse que ela, seu filho Cristian e a nora Rachel vieram passar o final
de semana em Três Corações, na casa do seu filho, Cabo Giuliano, e que todos
participaram da confraternização acontecida na casa do Sargento Jorge, mas que
ela, Cristian e Rachel vieram embora mais cedo. Que viu quando o Sargento Jorge
chegou à casa do Cabo Giuliano, estando armado, tendo naquela oportunidade o
Sargento Jorge batido com o cano da arma na porta de blindex da cozinha,
querendo entrar na casa. Que o Cabo Giuliano pediu para que ela se afastasse,
foi a seu quarto e pegou uma arma de fogo, tendo ouvido um disparo. Que o Sgt
Jorge e Filipe conseguiram desarmar seu filho, Cabo Giuliano, e em seguida o
agrediram fisicamente. Que seu filho Cristian e sua nora Rachel também
presenciaram todo o ocorrido, mas que já não estavam mais em Três Corações no
momento, tendo casal retornado para a cidade de Barbacena/MG, onde residem.
Diante dos fatos narrados foi acionada a perícia técnica, que depois de
realizar os levantamentos necessários, liberou o local. Ainda durante as diligências
foram apreendidas duas armas de fogo na casa do Cabo Giuliano, descritas em
campo próprio, sendo uma dessas pertencente à carga da PMMG, e estava
devidamente acautelada fixa ao militar, Cabo Giuliano, juntamente com dois
carregadores e 29 munições intactas; a outra arma é particular e está
devidamente registrada, estando juntos um carregador e doze munições intactas,
também citado em campo próprio. Ainda em diligências, dessa feita na casa do
Sargento Jorge, foi apreendida uma arma de fogo, particular, devidamente
registrada, um carregador e 10 munições intactas. Também citados em campo
próprio. Considerando não haver nenhuma das hipótese para prisão em flagrante
delito, os autores apresentaram as suas versões e foram liberados, sendo os
fatos narrados para futuras providencias de polícia judiciária militar, com
relação aos eventuais crimes militares, e da autoridade de polícia judiciária
civil, aos eventuais crimes comuns. As armas de fogo, munições, carregadores,
certificados de arma de fogo (CRAF) e porte especial de arma de fogo (PEAF), se
encontram recolhidos na Seção de Armamento e Tiro da 16 Companhia Independente
de Polícia Militar, a disposição das autoridades competentes. Sem mais a narrar.
03/01/2022 15:34 -