Thaynná disse que, ao chegar em casa, recebeu muitos áudios agressivos pelo celular e que chegou a chorar por duas horas devido aos ataques transfóbicos
Durante a formatura da Escola de Sargentos da Infantaria, em Três Corações, Minas Gerais, a atleta trans de fisiculturismo, Thaynná Dantas de Souza (33), foi à formatura de seu marido, Lucca Michelazzo (24), como mais uma das namoradas e mulheres dos militares. As informações são de O Globo.
Famosa em Natal, no Rio Grande do Norte, Thaynná conta com mais de 400 mil seguidores. No entanto, o que era para ser um momento de celebração, acabou virando alvo de preconceitos, já que ela recebeu muitas ofensas e até ameaças pelas redes sociais pelo fato de ser uma mulher trans. A polícia já está investigando os ataques virtuais.
Thaynná disse que, ao chegar em casa, recebeu muitos áudios agressivos transfóbicos pelo celular. Alguns, com dois minutos de ameaças. Por essa razão, a atleta registrou queixa no 15º Distrito Policial de Natal.
“Chorei duas horas sem parar ao ouvir. Se era para ser uma brincadeira, virou um crime. Eram palavras transfóbicas, absurdas, ameaças. Por que isso? Só porque sou trans… Jamais um relacionamento tem que interferir na imagem de um militar. O que ele faz na caserna diz respeito à sua função. O que faz fora é sua vida particular”, disse Thaynna, em depoimento ao lado do noivo, que a ajudava a lembrar datas e detalhes da cerimônia de formatura.
Segundo Lucca, uma das ofensas mais marcantes foi de um dos colegas em um grupo de WhatsApp quando leu: “Lá vem o aluno entrando na ESA com seu travequinho”.
“Cheguei a entrar no grupo de Whatsapp de mulheres e namoradas de militares. Todas doidas para casar. Não sabiam que eu era trans. Aí veio a frase: ‘Lá vem o aluno entrando na ESA com seu travequinho’. Como era aluno, não denunciei. Desde essa época, já tinha preconceito. Soube agora que uma menina pesquisou foto minha no Google e encaminhou as fotos que descobriu em outro grupo. O preconceito ia ter de qualquer jeito, mas Lucca é totalmente de boa com isso. À noite, no baile de formatura, a mãe disse: nossa: “tá lindíssima”. Estávamos tão felizes que só queríamos curtir. Independente de olhares. Quando me viram pessoalmente, devem ter pensado: ‘é um casal normal’.”, disse Thaynná.
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