Nelson Rodrigues dizia que: “O ser humano é o único que se falsifica. Um tigre há de ser tigre eternamente. Um leão há de preservar, até morrer, o seu nobilíssimo rugido... Mas o ser humano pode, sim, desumanizar-se. Ele se falsifica e, ao mesmo tempo, falsifica o mundo”.
E observamos isto diariamente nas Redes, nas TVs, nas conversas de esquinas. Nós nunca mentimos, nunca falsificamos tanto como agora e, talvez por isto, por mentirmos até para nós mesmo, estamos nos mergulhando numa profunda e dolorosa solidão.
Vi isto, no final do ano, quando casais que se declaram apaixonados revelaram aos 4 cantos que cada um iria passar o Ano Novo em um clube, uma cidade ou até mesmo em estados ou países diferentes. E diziam isto com a alegria. Diziam isto com excitação de um vira-latas quando se livra da coleira.
Me parece que o amor, que deveria ser a maior e mais singela forma de libertação, tornou-se uma prisão provisória.
Creio que foi Santo Alberto Magno quem disse que “O amor é uma faculdade unitiva e transformadora.” Mas como transformar o que se abandona, o que é transitório?
Mas estou me dispersando. Comecei a crônica falando da falsificação e estou me metendo em definições do Amor, talvez influenciado pelo inconsciente coletivo que, neste início de ano, viu formar diversos casais que se conheceram e irão se amar.
Viu diversos casais que, depois de anos de convivência, se conheceram e que agora se separam.
Estou me dispersando, talvez por ter compreendido melhor os versos de Drummond:
“Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Evite a ofensas a terceiros. Cuidado ao citar nomes. Tenha da mesma forma todo o cuidado com fake news. Lembre-se que na internet ninguém é anônimo; uma ordem judicial aos provedores pode sim identificar o autor;. É isso! Abraços e sejam sempre bem-vindos! Paulão.