As campanhas dos candidatos que disputam a Presidência da República em 2º turno prometem investir forte para conquistar os eleitores mineiros. E entender o perfil de cada região desse território tão grande e diverso é fundamental para conseguir a vitória em Minas, já que a tradição conta que quem ganha aqui leva a faixa de presidente do Brasil.
E analisar esse Estado é mais complexo do que se possa imaginar. Nem sempre o que parece ser, realmente é. A região do Triângulo Mineiro, por exemplo, famosa pela força no agronegócio - setor que é muito ligado ao candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) - deu mais votos ao adversário dele, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Das 36 cidades da localidade, Lula venceu em 25, contra 11 de Bolsonaro. No total, mais de 434 mil eleitores escolheram o petista para presidente, enquanto outros 419 mil quiseram a reeleição.
“Se não é distante a gente afirmar que o empresário do agro tem uma tendência maior a votar no candidato Bolsonaro, de igual forma os trabalhadores em geral têm uma tendência de votar no candidato Lula. Ainda que sejam trabalhadores do agronegócio, que é um setor que emprega menos que os outros setores da economia”, explica o cientista político e professor do Instituto de Ciências Sociais (Incis) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Moacir de Freitas Junior.
O professor acredita que há diversas explicações para a vitória de Lula no Triângulo. Mas ainda dentro do contexto econômico, a força do candidato do PT pode estar em outro setor forte na região: o de serviços.
“O agro tem um poder econômico e, por consequência, um poder político muito grande aqui no Triângulo. É inegável que o setor está ligado ao presidente Jair Bolsonaro. Mas ocorre que o agro não é um setor que prepondera em termos de emprego, não é o que mais emprega pessoas que recebem menos, de um a cinco salários mínimos. Essas pessoas estão empregadas em outros setores da economia, especialmente nos setores de serviços, que aqui no Triângulo Mineiro são muito fortes”, avalia.
A força de Zema
O governador reeleito, Romeu Zema (Novo), também demonstrou força no Triângulo Mineiro. Em Uberlândia, por exemplo, a maior cidade da região em termos populacionais, Zema teve 68,33% dos votos, enquanto o segundo colocado, Alexandre Kalil (PSD), teve 25,31%.
Quanto ao apoio declarado do governador reeleito ao candidato Jair Bolsonaro, o especialista acredita que ainda é cedo para dizer se isso terá efeitos nos votos do segundo turno, mas faz ressalvas.
“Uma parte dos eleitores do Zema já era bolsonarista antes, não embarcou na candidatura do Carlos Viana (candidato do PL, partido de Bolsonaro) [...] Eu tenho um pouco de dúvida do quanto o apoio do governador Romeu Zema vai agregar de votos à candidatura do presidente Jair Bolsonaro. A gente já viu que tanto Bolsonaro quanto Lula agregam votos para seus parceiros candidatos ao Senado, governo e deputados. Agora vamos ver se o contrário também vai funcionar”, ressalta Moacir de Freitas.
Vitória petista em Minas
Em Minas Gerais, Lula venceu Jair Bolsonaro com índices que reforçam a tese de que aquele que vencer no Estado termina eleito ao Palácio do Planalto.
O candidato do PT ficou com 48,29% dos votos válidos, enquanto o atual presidente teve 43,60%. Nos números gerais do país inteiro, Lula teve 48,43% e Bolsonaro, 43,20%.
Não à toa, os dois candidatos já têm visitas agendadas a Minas nesta primeira semana de campanha de segundo turno.
Jair Bolsonaro vem a Belo Horizonte nesta quinta-feira (6) para se encontrar com Zema. Na próxima semana, dia 12, volta ao Estado para participar de um culto evngélico.
Já Lula deve chegar à capital mineira no próximo domingo (9). O anúnicio foi feito pelo deputado federal reeleito por Minas André Janones (Avante), que não adiantou como será a agenda do petista em BH.
(Hoje em Dia)
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