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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

COMO É A VIDA NA CIDADE ONDE GASOLINA JÁ CUSTA R$8

 


O movimento de carros está menor nas ruas, nos postos de combustíveis e nos estacionamentos das cidades do extremo Sul do Brasil. Segundo os moradores, a principal razão é o custo do combustível - que não para de subir.

De acordo com um estudo do Ibre/FGV, a inflação do motorista brasileiro chegou a 18,46% no acumulado de 12 meses até outubro. Em Bagé, a 378 quilômetros de Porto Alegre, o litro da gasolina comum encostou nos R$ 8,00. Trata-se do preço mais caro segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que entre 31 de outubro a 6 de novembro consultou 4.733 postos de Norte ao Sul do país.

No começo de 2021, o litro da gasolina comum tinha um valor médio de R$ 5,54 em Bagé. De lá pra cá, aumentou R$ 2,46. A escalada chegou a motivar a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara de Vereadores para apurar o motivo dos preços elevados, ainda sem definição.

Para se locomover na "cidade com a gasolina mais cara do Brasil", o jeito é reorganizar a rotina. Para o pedreiro Eduardo Dutra de Medeiros, 37 anos, o rearranjo inclui ir ao supermercado a cada 15 dias, em vez de ir semanalmente, além de criar roteiros mais econômicos e trocar o meio de transporte. 

"Antes eu fazia orçamentos de carro, agora eu deixo todos os pedidos para um único dia, traço um caminho sem muitas voltas e ainda uso a moto da minha esposa para baratear meu custo", diz Medeiros. Ele não foi o único bageense a trocar quatro por duas rodas.  

Por que tão caro em Bagé?

A pergunta não tem uma resposta única, de acordo com João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro (Sindicato dos Postos de Combustíveis do RS).

A explicação mais ouvida é a de que o município fica longe da principal refinaria gaúcha, a Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas - cerca de 400 quilômetros de distância. Isso cria um custo logístico mais elevado. Ocorre que existem cidades ainda mais longínquas da Refap, e nem por isso o preço da gasolina é mais caro do que em Bagé. Aqui entram as outras respostas.

Bagé, por exemplo, não se caracteriza como um grande centro consumidor de combustível, como é a região metropolitana de Porto Alegre. "Em grandes centros urbanos, o posto pode ganhar na venda em escala. Mas em cidades menores é difícil ter venda nova, o que resulta em um repasse maior ao consumidor", explica Dal'Aqua.

Além disso, postos menores geralmente têm menor poder de barganha com as distribuidoras. Também é preciso considerar que cada revendedor adota uma estratégia mercadológica ao colocar o preço na bomba.  

Leonardo Pujol - De Porto Alegre para a BBC Brasil

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