Caso sejam mesmo técnicos os critérios para a escolha da cidade que vai sediar a nova Escola de Sargentos das Armas do Exército (ESA), a gaúcha Santa Maria cresceu na parada.
Isso porque uma de suas principais rivais, a paranaense Ponta Grossa,
não conta com estrutura sequer comparável de atendimento a militares e
para implementação do projeto.
A ESA fica hoje em Três Corações (MG), e o treinamento de sargentos
ocorre também em outras 12 cidades brasileiras. A nova academia deve
unificar o adestramento desses profissionais num só lugar. E um
investimento de R$ 1,2 bilhão. Além de Santa Maria e Ponta Grossa, está
no páreo Recife. Todas são importantes centros militares.
Recorde vantagens e desvantagens de cada uma:
Recife - E uma capital, possui aeroporto internacional
e grandes estruturas do Exército, como safe do Comando Militar do
Nordeste e base aérea. A desvantagem é que é uma metrópole, de trânsito
difícil e poucas áreas desocupadas para treinamento. Tampouco está
situada numa região estratégica, do ponto de vista geopolítico.
Santa Maria - E a cidade brasileira com o segundo
maior contingente militar, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. E a
Capital dos Blindados e tem posição estratégica no país (ao centro de um
Estado que faz fronteira com Uruguai e Argentina). Conta com diversas
universidades e hospitais, públicos e privados, inclusive um hospital
militar. Além de uma Base Aérea e um aeroporto para voos comerciais. A
área oferecida para sediar a ESA já pertence ao Exército. Está longe da
Capital, o que pode ser considerada desvantagem.
Ponta Grossa - Tem importantes unidades militares,
inclusive de blindados, e aeroporto, com voos esporádicos. Está a menos
de 100 quilômetros da capital paranaense, onde existe outro terminal
moderno. Dois são os maiores problemas. Um deles é que a área de 4,5 mil
hectares oferecida à ESA não está disponível no momento. Ela pertence à
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e lá moram
famílias ligadas à agricultura familiar, que teriam de ser transferidas
para um município vizinho. Além disso, a estrutura de atendimento médico
é bem menor que a santa-mariense e não conta com hospital militar.
A decisão começa a sair a partir de Reunião do Alto-Comando do Exército (RACE), que ocorre de 18 a 21 deste mês, em Brasília.
Os 15 generais mais graduados e um general indicado pelo Ministério da
Defesa opinarão sobre cada cidade cotada. As opiniões serão encaminhadas
ao Comando do Exército, que pode acatar a sugestão.
Acontece que a decisão pode não ser técnica e, nesse quesito, Ponta
Grossa leva vantagem. A prefeita da cidade e o governador paranaense são
aliados de Jair Bolsonaro, que costuma palpitar sobre questões
militares. Já os governadores do Rio Grande do Sul e de Pernambuco são
adversários políticos do presidente Generais consultados pela coluna
acreditam que o componente político não será decisivo, já que a escola é
um empreendimento para décadas, enquanto as questões eleitorais são
conjunturais.
(Humberto Trezzi - Zero Hora - 11 Outubro 2021 - Foto Diário de Santa Maria )
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