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domingo, 11 de outubro de 2020

Moradores denunciam fábrica por excesso de pó de sílica em Três Corações, MG


Moradores de um bairro no Distrito Industrial de Três Corações estão preocupados com a saúde. Eles dizem que uma fábrica, que trabalha com a moagem de pedras, está liberando muito de pó de sílica e, com o vento, o material vai para região residencial. O caso foi denunciado ao Ministério Público.
Nos registros feitos pelos moradores, a constatação de um problema que, segundo eles, se arrasta há cerca de dois anos
“O bairro Amadeu Miguel fica coberto com o pó, parece um talco. E a gente está respirando isso constantemente, principalmente a noite”, disse a produtora rural Leandra Mattos Pereira.
A dona de casa Jurema Aparecida Bandeira ressalta que o pó chega a parecer com neblina.
“Eu moro no final da rua, a poeira chega lá. De manhã está branquinho. Hoje mesmo levantei estava branquinho, parecia que era neblina, mas não era. Era poeira”, comentou.
A empresa, que trabalha com sobras de mineração, fica no bairro Amadeu Miguel. Uma área industrial, mas muito próxima das casas e também de uma fazenda onde os animais estariam sendo afetados.
“Os olhos dos animais muito lacrimejantes, a gente percebia tosse nas bezerras e a gente tem um controle de bem-estar animal muito bem apurado dentro da propriedade. Nós fomos descartando várias possibilidades e observando a constante poluição da fábrica, que fica a 300 metros da propriedade”, disse a produtora rural Pâmela Nanes Lellis. 
Em maio do ano passado, os moradores fizeram um abaixo assinado reclamando da situação e entregaram o documento ao Ministério Público. Na época, a Polícia de Meio Ambiente esteve na empresa e contatou que havia dois filtros no local. Mesmo assim, deu 90 dias pra que a empresa emitisse um laudo sobre o impacto do trabalho na comunidade.
O laudo ficou pronto, mas, segundo o Ministério Público, o relatório foi feito quando duas máquinas estavam desligadas. A fábrica voltou a ser vistoriada em julho desse ano.
E a Secretaria de Meio Ambiente de Três Corações emitiu um parecer dizendo que "a empresa se encontra em conformidade com as leis e regulamentos do município, entretanto os fiscais observaram um grande volume de geração de partículas de poeira de sílica na empresa e no entorno do empreendimento".
A secretaria também mencionou o "risco de doenças autoimunes, esclerose sistêmica, artrite reumatoide, lúpus, complicações na derme e vários tipos de câncer".
Mesmo assim, apenas orientou que a empresa "busque alternativas, visando minimizar os efeitos danosos ao ambiente". Este ano, a empresa teve o licenciamento ambiental renovado até 2030.
Para Angela Azevedo, que é arquiteta urbanista e ambientalista, isso só foi possível porque a legislação está cada vez menos rigorosa.
“O que não existe, quero que as pessoas entendam isso, é legislação para que o Ministério Público atue, para que a Supram [Superintendência Regional de Meio Ambiente] atue, para a prefeitura atue. O licenciamento é da Supram, está no Distrito Industrial, é da Supram. Só que ai ele é simplificado e simplificado não tem uma série de exigências. Não tem estudo de impacto ambiental, não tem nada”, disse.
Um ex-funcionário, que preferiu não ser identificado, diz que nem sempre a empresa usava filtros.
“Eles não tem filtro nenhum lá para filtrar aquele pó. Eles não estão nem ai. Aquele pó lá, depois que você adquiriu ele no pulmão, já era. Você tem que ver ele a noite, durante o dia ele é invisível, mas a noite, com o escuro, na claridade, você vê a noção do pó que é”, relatou.
O diretor de sustentabilidade da fábrica disse que a empresa faz o uso de filtros em todos os processos e que está em dia com os órgãos ambientais. Mesmo assim, está estudando formas de amenizar os impactos aos moradores da região.
"Atendendo a solicitação dos moradores do Bairro Amadeu Miguel, a empresa estará concluindo até o final do mês de outubro o estudo de monitorando dos níveis de emissão de poeira do nosso processo. Com estes estudos concluídos poderemos confirmar quais novos equipamentos poderão aprimorar o controle de emissões. Na sequência da conclusão dos estudos, estaremos adquirindo e instalando estes equipamentos complementares”, comentou Danilo da Silveira Chausson.
A Secretaria de Meio Ambiente de Três Corações informou que fez o que poderia, que são as visitas técnicas à empresa e o acionamento da polícia de meio ambiente para que fossem tomadas as devidas providências.
(Portal G1)

Um comentário:

  1. Que feio dar o crédito com fonte em tamanho 3. Se apropriando do trabalho dos outros aí, Paulão.

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