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terça-feira, 6 de outubro de 2020

Indicação agrava crise na base de Bolsonaro




A
indicação do desembargador Kassio Marques para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) fez aumentar o número de antigos bolsonaristas que partiram para o confronto aberto com Jair Bolsonaro, acusando o presidente de "traição" aos compromissos assumidos na campanha de 2018. O anúncio para a Corte provocou fortes críticas e uma onda de descontentamento, com ameaças de debandada e pressão para que Bolsonaro mude o nome do indicado.

O grupo dos desiludidos, já integrado por ex-ministros, como Sérgio Moro - que no passado chegou a ser cotado para uma vaga no STF -, tem aumentado. Os ataques vêm agora de todos os lados, principalmente da ala "raiz" do bolsonarismo, e a hasthag #BolsonaroTraidor desponta com força nas redes sociais.

Empresários, militares, evangélicos e ativistas ideológicos apontaram a escolha de Marques como "grave erro" e uma oportunidade perdida de nomear um "conservador" para a cadeira do ministro do STF Celso de Mello, que se aposentará no próximo dia 13. Nesta segunda, 5, Bolsonaro comparou a escolha do ministro à escalação da seleção brasileira. O encontro de Bolsonaro na casa do ministro do STF Dias Toffolli, no sábado, com a presença de Marques e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), agravou a situação.

O movimento Vem Pra Rua, que liderou manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), passou a criticar o presidente. "Na campanha, Bolsonaro prometeu enfrentar o sistema. No poder, Bolsonaro negociou a indicação de Kassio Nunes com Gilmar, Toffoli e Davi Alcolumbre. Existe traição maior que essa?", perguntou o Vem Pra Rua em post publicado nas redes, também citando o ministro do STF Gilmar Mendes.

O movimento começou a entoar a palavra de ordem "Fora, Bolsonaro" e está sugerindo protestos em todo o País, no próximo dia 25. "Falando sério. Precisamos pensar numa forma de acolher quem desembarca dessa canoa furada do bolsonarismo", disse outra mensagem do Vem pra Rua.

Bolsonaristas ligados ao mercado também deram sinais de desembarque. O tom mais forte veio de um dos responsáveis por apresentar ao presidente o ministro da Economia, Paulo Guedes, até pouco tempo atrás um dos pilares do governo. "Hora de desembarcar. Acabou. Um erro dessa envergadura não se faz por acaso", reagiu Winston Ling, empresário e investidor sino-brasileiro, partidário da causa conservadora e do liberalismo.

Até mesmo o bolsonarista Allan dos Santos, do programa Terça Livre, criticou a escolha do presidente. "Há uma enorme diferença entre bajular e compreender as circunstâncias, entre confiar e aceitar calado decisões ruins. Não trate como seita quem acreditou em você como um ser humano, Jair Bolsonaro. Explique sem exigir fé. Exija a razão e seus eleitores decidem", afirmou.

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