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terça-feira, 2 de junho de 2020

Evangélico, estudante da USP e filiado ao PSOL: quem é o líder dos atos em SP pró-democracia


Responsável por convocar os atos pró-democracia no último domingo, o teólogo e estudante de História da Universidade de São Paulo (USP) Danilo Pássaro afirma que o movimento tem como único ponto a defesa da democracia, e, segundo ele,está aberto a pessoas de diferentes visões ideológicas. Integrante da torcida Gaviões da Fiel e filiado ao PSOL, Pássaro diz que o ato surgiu de forma espontânea em um grupo de torcedores e, apesar do incentivo de alguns dos integrantes da torcida e do partido, nenhum dos dois apoia institucionalmente a manifestação.

No último final de semana, torcidas organizadas de vários times de São Paulo repudiaram o fascismo e o neonazismo, mas reforçaram o caráter apolítico das entidades. A convocação para o ato partiu do perfil pessoal de Danilo com a hashtag "#SomosDemocracia".

Segundo ele, alguns dos presentes eram integrantes de torcidas organizadas, mas não é correto dizer que o ato tenha alguma ligação oficial com essas torcidas. Além deles, também participaram coletivos autônomos de torcedores, sobretudo aqueles que reúnem torcedores "antifascistas".

Algumas das páginas desses grupos nas redes sociais têm milhares de seguidores. A "Palmeiras Antifascista" tem mais de 28 mil seguidores no Facebook. A "Corinthians Antifascista" tem 19 mil seguidores e a "Santos Antifascista" conta com 16 mil seguidores. O Gaviões da Fiel, a maior torcida do Corinthians, é a mais engajada politicamente. Em setembro de 2018, durante a eleição presidencial, o presidente da entidade, Rodrigo Tapia, o "Digão", chegou a publicar um texto cujo título era "Gaviões não vota em Bolsonaro".

No último sábado, a Mancha Verde, principal organizada do Palmeiras, também publicou um texto lembrando que se considera apolítica, mas que não aceita ideologias políticas que pregam supremacia de raças, incluindo "ideais nazistas" e "atitudes fascistas".

Neste domingo, após o ato, a Dragões da Real, organizada do São Paulo também publicou que "não determinará o que seus sócios devem ser ou acreditar" e que nunca aceitará "nazis, fascistas ou racistas", mas que cada integrante tem liberdade para escolher seu voto e seu lado.

— É um movimento que se organizou de forma autônoma. Não é endossado oficialmente pela torcida: são torcedores que se conhecem do estádio, que vêm acompanhando o movimento do país, agressões de jornalistas, ridicularizando as mortes pelo Covid. Isso foi causando revolta na gente e decidimos que deveríamos assumir esse risco. Somos a favor do isolamento social mas não podíamos ficar quietos — diz Pássaro.

O movimento começou com uma publicação nas redes sociais e um ato realizado no último dia 9 de maio. Após a repercussão inicial, outros grupos de torcedores se juntaram, sobretudo aqueles que fazem parte de coletivos "antifascistas".

Segundo Pássaro, que se filiou em outubro do ano passado ao PSOL, cerca de 80% do grupo inicial não tem qualquer filiação partidária. O estudante já fez parte da diretoria da Gaviões da Fiel e diz ser ativista político há mais de 10 anos.

— Sou da Brasilândia, mas tive uma formação progressista que vem desde criança. Fui criado na igreja evangélica, fiz faculdade de Teologia. A partir da leitura da Bíblia sempre tive um viés político mais para esse lado progressista — diz.

Perguntado se aceitaria a presença de outros grupos, inclusive ligados a partidos ou ideologias mais á direita, respondeu que sim. O estudante afirma que outros atos serão convocados. Outro já circula nas redes sociais, mas não tem qualquer ligação com o grupo que convocou o primeiro. 

— Eu até entendo as pessoas que criticam, é complicado. Tem muitas pessoas que não percebem que essas atitudes podem desembocar numa ditadura e por isso criticam o nosso ato. Mas é um ato que tem uma única bandeira, que é a bandeira da democracia, um ato que é para todos, que estão atentos a um processo de rompimento da democracia. Se (esses grupos) estão pela democracia, têm que participar. O governo tem testado a elasticidade da nossa democracia. No momento, está sendo travada uma disputa de narrativas e a única narrativa colocada na rua era a deles. Sentimos a necessidade de, apesar da pandemia, mostrarmos que somos maioria — diz Pássaro.

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