O Juiz Valisnei de Oliveira, titular da décima vara da Justiça Federal em Brasília, negou os pedidos de liberdade dos quatro hackers presos na operação Spoofing.
Eles foram ouvidos nesta terça-feira (30) em audiência de custódia na 10ª Vara Federal de Brasília. Os quatro são suspeitos de hackear os aparelhos celulares de autoridades como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador e coordenador a força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.
O quarteto permanecerá encarcerado pelo menos até o término do prazo da prisão temporária, na quinta-feira. Segundo o juiz, até o momento, “não há elementos para revogar a prisão”. Ele determinou, entretanto, que Suelen Priscila de Oliveira seja transferida para outra penitenciária, uma vez que ela reclamou de maus tratos na prisão [leia abaixo]. Seu destino provavelmente será a Superintendência da Polícia Federal (PF).
À pedido dos advogados, o magistrado autorizou os suspeitos a terem pelo menos um banho de sol por dia.
Ficou decidido, também, a pedido do MPF, que o chefe da PF vai apurar se houve “eventual abuso de autoridade por parte dos agentes que efetuaram a prisão e o transporte dos presos”, que relataram abusos na hora da abordagem e durante o transporte de suas respectivas cidades para Brasília.
Gustavo, Suelen e Danilo
Os primeiros depoimentos foram do DJ Gustavo Santos e a companheira Suelen de Oliveira, que foram detidos dentro de casa. Com eles, R$ 100 mil foram apreendidos. Apesar de negar envolvimento no hackeamento, Gustavo disse à Polícia Federal (PF), no mesmo dia da prisão, ter visto as mensagens no aparelho telefônico de um amigo, Walter Dalgatti Neto, que também foi detido.
O casal relatou ao MPF ter sofrido uma série de agressões verbais durante a prisão, além de terem sido proibidos de ter contato com seus advogados em um primeiro momento. “A viagem inteira eu dizia que eu queria conversar com meu advogado, se eu tinha direito a uma ligação, que eu queria saber o que tava acontecendo. A primeira coisa que falaram foi ‘você que é o hacker’. Falei que tinha certeza que era um mal entendido. Desde o momento que entraram em casa, eu pedi pra falar com meu advogado, pedi pra falar com a minha mãe, com alguém pra me dar um suporte, e não deixaram”, lembra Gustavo.
Ambos relatam que a polícia entrou na residência, arrombando a porta, por volta das 8 horas da terça-feira, mas só puderam fazer ligações quase no fim do dia. “Não deixaram [ligar para o advogado], falaram pra gente ficar quieto. Ele [Gustavo] pedia pra ligar mas eles não deixavam. Só deixaram a gente ligar umas 22 horas”, relata Suelen.
Eles também reclamaram de terem de pegos de surpresa, em roupas íntimas, e serem proibidos de se vestirem. “Eu já fui agredido verbalmente desde o momento que estouraram a porta, porque eu realmente tava dormindo. Desde o começo eu colaborei e fui bem agredido verbalmente. Eu estava pelado [quando os chegaram] e eles não deixavam eu colocar nenhuma roupa. Tinha uma policial mulher e, mesmo assim, não me deixaram nem colocar uma cueca. Com eu já algemado, depois de algum tempo, eles me deixaram colocar a roupa. Isso durou uns 10 minutos com a minha esposa vendo isso também”, contou Gustavo.
A versão de Suelen coincidiu com a do companheiro. “Quando eles chegaram lá a gente tava dormindo. Eles podem ter apertado a campainha, mas a gente não ouviu. A gente ouviu o barulho quando eles arrombaram a porta. Eu tava só de blusa e calcinha e eles abordaram a gente. Perguntei o que tava acontecendo e eles começaram a falar ‘vocês tao presos’, começaram a fazer um monte de pergunta, separaram a gente. O Gustavo tava pelado na hora. só deixaram ele se vestir depois”, relembra, acrescentando que, depois de presa, ela pediu por absorventes, que foram negados. A mulher também relatou ser alvo de “piadinhas, ficar “sem água no chuveiro” e sem produtos de higiene ou cobertores.
Danilo Cristiano Marques foi o terceiro a ser ouvido. Assim como Gustavo e Suelen, ele relatou que não sabia o que estava acontecendo, e que só descobriu do que se tratava sua prisão “já na carceragem da Polícia Federal” e que, até o momento, ele nem “sabe direito onde está”, reiterando que não tem condições financeiras de retornar para cidade onde mora, Araraquara, caso seja solto.
Também como o casal, o suspeito reclamou da abordagem brusca que sofreu. “Eles me pegaram no curso que eu estava fazendo na empresa, de primeiros socorros, umas 10 horas. Na hora, eu achei que fosse até uma brincadeira, porque o cara disse ‘Perdeu, Polícia Federal’… Eu não ofereci nenhuma resistência, mas não esperava isso. Não sabia nem o que estava acontecendo. Me pegaram, colocaram dentro do carro e me trouxeram direto para cá. Eu não tive chance de pegar uma peça de roupa nem nada”, conta.
Segundo Danilo, ele também ficou durante um dia inteiro sem acesso a produtos de higiene pessoal.
Walter
Ao contrário do que informaram os outros presos, Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, e apontado por Gustavo, Suelen e Danilo como líder do grupo, disse não ter sofrido abusos físicos ou psicológicos. Segundo ele, no momento em que foi abordado, os policiais não especificaram qual crime ele havia cometido, mas “falaram que eram de Brasília e referente as supostas invasões de aplicativos Telegram de autoridades”. Ao contrário dos outros, Neto confessou a ação desde o início do processo. “Confessei tanto para os policiais quanto para os advogados, desde a minha residência”, relembra.
Ele também relatou que não foi proibido de falar com seu advogado, e ressalta que a ligação foi “oferecida várias vezes” e até com “insistência”, mas que ele não desejou entrar em contato com ninguém. Ele disse que não ficou sem produtos de higiene, declarando apenas que está sem banho de sol. Apesar disso, ele relatou também ter sido algemado mas, ao contrário dos outros, apenas no avião para Brasília, e não no momento da prisão. “Quando cheguei no avião me algemaram. Fiquei algemado todo o voo. E depois quando cheguei em brasília novamente”, afirmou.
*Com informações do repórter Antonio Maldonado Jovem Pan
Eles foram ouvidos nesta terça-feira (30) em audiência de custódia na 10ª Vara Federal de Brasília. Os quatro são suspeitos de hackear os aparelhos celulares de autoridades como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador e coordenador a força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.
O quarteto permanecerá encarcerado pelo menos até o término do prazo da prisão temporária, na quinta-feira. Segundo o juiz, até o momento, “não há elementos para revogar a prisão”. Ele determinou, entretanto, que Suelen Priscila de Oliveira seja transferida para outra penitenciária, uma vez que ela reclamou de maus tratos na prisão [leia abaixo]. Seu destino provavelmente será a Superintendência da Polícia Federal (PF).
À pedido dos advogados, o magistrado autorizou os suspeitos a terem pelo menos um banho de sol por dia.
Ficou decidido, também, a pedido do MPF, que o chefe da PF vai apurar se houve “eventual abuso de autoridade por parte dos agentes que efetuaram a prisão e o transporte dos presos”, que relataram abusos na hora da abordagem e durante o transporte de suas respectivas cidades para Brasília.
Gustavo, Suelen e Danilo
Os primeiros depoimentos foram do DJ Gustavo Santos e a companheira Suelen de Oliveira, que foram detidos dentro de casa. Com eles, R$ 100 mil foram apreendidos. Apesar de negar envolvimento no hackeamento, Gustavo disse à Polícia Federal (PF), no mesmo dia da prisão, ter visto as mensagens no aparelho telefônico de um amigo, Walter Dalgatti Neto, que também foi detido.
O casal relatou ao MPF ter sofrido uma série de agressões verbais durante a prisão, além de terem sido proibidos de ter contato com seus advogados em um primeiro momento. “A viagem inteira eu dizia que eu queria conversar com meu advogado, se eu tinha direito a uma ligação, que eu queria saber o que tava acontecendo. A primeira coisa que falaram foi ‘você que é o hacker’. Falei que tinha certeza que era um mal entendido. Desde o momento que entraram em casa, eu pedi pra falar com meu advogado, pedi pra falar com a minha mãe, com alguém pra me dar um suporte, e não deixaram”, lembra Gustavo.
Ambos relatam que a polícia entrou na residência, arrombando a porta, por volta das 8 horas da terça-feira, mas só puderam fazer ligações quase no fim do dia. “Não deixaram [ligar para o advogado], falaram pra gente ficar quieto. Ele [Gustavo] pedia pra ligar mas eles não deixavam. Só deixaram a gente ligar umas 22 horas”, relata Suelen.
Eles também reclamaram de terem de pegos de surpresa, em roupas íntimas, e serem proibidos de se vestirem. “Eu já fui agredido verbalmente desde o momento que estouraram a porta, porque eu realmente tava dormindo. Desde o começo eu colaborei e fui bem agredido verbalmente. Eu estava pelado [quando os chegaram] e eles não deixavam eu colocar nenhuma roupa. Tinha uma policial mulher e, mesmo assim, não me deixaram nem colocar uma cueca. Com eu já algemado, depois de algum tempo, eles me deixaram colocar a roupa. Isso durou uns 10 minutos com a minha esposa vendo isso também”, contou Gustavo.
A versão de Suelen coincidiu com a do companheiro. “Quando eles chegaram lá a gente tava dormindo. Eles podem ter apertado a campainha, mas a gente não ouviu. A gente ouviu o barulho quando eles arrombaram a porta. Eu tava só de blusa e calcinha e eles abordaram a gente. Perguntei o que tava acontecendo e eles começaram a falar ‘vocês tao presos’, começaram a fazer um monte de pergunta, separaram a gente. O Gustavo tava pelado na hora. só deixaram ele se vestir depois”, relembra, acrescentando que, depois de presa, ela pediu por absorventes, que foram negados. A mulher também relatou ser alvo de “piadinhas, ficar “sem água no chuveiro” e sem produtos de higiene ou cobertores.
Danilo Cristiano Marques foi o terceiro a ser ouvido. Assim como Gustavo e Suelen, ele relatou que não sabia o que estava acontecendo, e que só descobriu do que se tratava sua prisão “já na carceragem da Polícia Federal” e que, até o momento, ele nem “sabe direito onde está”, reiterando que não tem condições financeiras de retornar para cidade onde mora, Araraquara, caso seja solto.
Também como o casal, o suspeito reclamou da abordagem brusca que sofreu. “Eles me pegaram no curso que eu estava fazendo na empresa, de primeiros socorros, umas 10 horas. Na hora, eu achei que fosse até uma brincadeira, porque o cara disse ‘Perdeu, Polícia Federal’… Eu não ofereci nenhuma resistência, mas não esperava isso. Não sabia nem o que estava acontecendo. Me pegaram, colocaram dentro do carro e me trouxeram direto para cá. Eu não tive chance de pegar uma peça de roupa nem nada”, conta.
Segundo Danilo, ele também ficou durante um dia inteiro sem acesso a produtos de higiene pessoal.
Walter
Ao contrário do que informaram os outros presos, Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, e apontado por Gustavo, Suelen e Danilo como líder do grupo, disse não ter sofrido abusos físicos ou psicológicos. Segundo ele, no momento em que foi abordado, os policiais não especificaram qual crime ele havia cometido, mas “falaram que eram de Brasília e referente as supostas invasões de aplicativos Telegram de autoridades”. Ao contrário dos outros, Neto confessou a ação desde o início do processo. “Confessei tanto para os policiais quanto para os advogados, desde a minha residência”, relembra.
Ele também relatou que não foi proibido de falar com seu advogado, e ressalta que a ligação foi “oferecida várias vezes” e até com “insistência”, mas que ele não desejou entrar em contato com ninguém. Ele disse que não ficou sem produtos de higiene, declarando apenas que está sem banho de sol. Apesar disso, ele relatou também ter sido algemado mas, ao contrário dos outros, apenas no avião para Brasília, e não no momento da prisão. “Quando cheguei no avião me algemaram. Fiquei algemado todo o voo. E depois quando cheguei em brasília novamente”, afirmou.
*Com informações do repórter Antonio Maldonado Jovem Pan
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