A revista Veja, em parceria com o site The intercept, revelou novas mensagens entre procuradores da Lava-Jato e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, nesta sexta-feira (5/7). Segundo a revista, para essa reportagem, foram analisadas mais de 649 mil mensagens no Telegram.
Por meio de nota, o Ministério da Justiça reitera que não reconhece a autenticidade de supostas mensagens "obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente".
A pasta também lamenta que a Veja tenha se recusado a encaminhar a cópia das mensagens antes da publicação da matéria. Na nota, publicada no site da pasta, o Ministério rebate às acusações sobre Bumlai, Musa, Cunha, e interferências de Moro nas oeprações.
"O ministro da Justiça e da Segurança Publica sempre foi e será um defensor da liberdade de imprensa. Entretanto, repudia-se com veemência a invasão criminosa dos aparelhos celulares de agentes públicos com o objetivo de invalidar condenações por corrupção ou para impedir a continuidade das investigações", diz o texto.
Desde 9 de junho, o Intercept divulga mensagens do ministro com os procuradores da Lava-Jato feitas pelo Telegram, entregues por uma fonte que não teve a identidade revelada.
A veracidade das mensagens é questionada por Moro, que chegou a ir à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania a da Câmara dos Deputados responder alguns dos questionamentos a respeito do caso. O jornalista Gleen Greenwald, fundador do The Intercept, também foi convidado à Casa.
Faustão
As mensagens revelam que o apresentador Fausto Silva, da TV Globo,forneceu uma espécie de assessoria de comunicação a Moro e à força-tarefa da Lava-Jato. Faustão sugeriu que o agora ministro usasse uma "linguagem mais simples, do povão" durante as entrevistas ou coletivas.
Segundo a revista, no dia 7 de maio de 2016, Moro comentou a recomendação do apresentador do Domingão do Faustão com o procurador Deltan Dallagnol pelo Telegram. "Ele disse que vocês, nas entrevistas ou nas coletivas, precisam usar uma linguagem mais simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28 anos na TV. Pensem nisso", relatou Moro ao procurador. O apresentador confirmou a conversa com Sérgio Moro à reportagem.
Eduardo Cunha
No dia 5 de julho de 2017, Moro questionou Deltan Dallagnol sobre rumores de uma possível delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ). Na conversa, o então juiz mostrou-se contrário a um possível acordo. "Espero que não procedam", escreveu Moro às 23h11. "Só rumores. Não procedem", respondeu Dallagnol três minuto depois. "Acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par", finalizou. "Agradeço se me mantiver informado. Sou contra, como sabe", opina Moro.
Cunha teria prometido falar sobre sobre Temer e pelo menos mais 50 deputados, senadores e ministros, entre outros políticos. A proposta de delação do ex-presidente da Câmara foi rejeitada pela Lava-Jato um mês depois da conversa entre Dallagnol e Moro no Telegram.
"Aha uhu o Fachin é nosso"
Em 13 de julho de 2015, Dallagnol comenta com os colegas do MPF que conversou 45 minutos com o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). "Aha uhu o Fachin é nosso", diz Dallagnol aos colegas.
Seis dias antes, a preocupação dos procuradores era que, como a proposta de delação de Eduardo Cunha atingia políticos com foro privilegiado, a palavra final para assinar um acordo passava para a Procuradoria-Geral da República (PGR), e a homologação deveria ser assinada pelo Fachin.
"Faltou uma prova"
Em uma conversa de 28 de abril de 2016, Moro avisou Deltan Dallagnol de que havia faltado uma prova na denúncia de Zwi Skornicki — empresário e lobista acusado de intermediar propinas no esquema de corrupção da Petrobras. A informação é dada por Dallagnol à procuradora Laura Tessler, que foi afastada depois por sugestão do Dallagnol.
Skornicki tornou-se delator da Lava-Jato e confessou que pagou propinas a funcionários da estatal, entre eles, Eduardo Musa, também mencionado por Dallagnol em conversa. "Laura, no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele", fala Dallagnol. "Ih, vou ver", responde.
No dia seguinte, segundo a Veja, o Ministério Público Federal (MPF) incluiu um comprovante de depósito de US$ 80 mil feito por Skornicki a Musa.
Bumlai
Em 17 de dezembro de 2015, Moro cobrou manifestação do MPF no pedido que revogava a prisão preventiva do pecuarista João Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Preciso manifestação MPF no pedido de revogação da preventiva do bmlai ate amanhã meio dia", sugere Moro. "Ok, será feito" responde Dallagnol. "Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém... pena que parece que quem emitiu a decisão anda meio estranho", completa.
"Não ter pressa"
Em uma conversa em 23 de outubro de 2015, o procurador Athayde Costa pergunta em um dos grupos da força-tarefa quem sabe onde está um documento apreendido com Flávio Barra — executivo da Andrade Gutierrez preso pela Lava-Jato. Uma pessoa ainda não identificada responde que se esqueceu de incluir o documento no processo eletrônico pois Moro o havia orientado a "não ter pressa".
Por meio de nota, o Ministério da Justiça reitera que não reconhece a autenticidade de supostas mensagens "obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente".
A pasta também lamenta que a Veja tenha se recusado a encaminhar a cópia das mensagens antes da publicação da matéria. Na nota, publicada no site da pasta, o Ministério rebate às acusações sobre Bumlai, Musa, Cunha, e interferências de Moro nas oeprações.
"O ministro da Justiça e da Segurança Publica sempre foi e será um defensor da liberdade de imprensa. Entretanto, repudia-se com veemência a invasão criminosa dos aparelhos celulares de agentes públicos com o objetivo de invalidar condenações por corrupção ou para impedir a continuidade das investigações", diz o texto.
Desde 9 de junho, o Intercept divulga mensagens do ministro com os procuradores da Lava-Jato feitas pelo Telegram, entregues por uma fonte que não teve a identidade revelada.
A veracidade das mensagens é questionada por Moro, que chegou a ir à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania a da Câmara dos Deputados responder alguns dos questionamentos a respeito do caso. O jornalista Gleen Greenwald, fundador do The Intercept, também foi convidado à Casa.
Faustão
As mensagens revelam que o apresentador Fausto Silva, da TV Globo,forneceu uma espécie de assessoria de comunicação a Moro e à força-tarefa da Lava-Jato. Faustão sugeriu que o agora ministro usasse uma "linguagem mais simples, do povão" durante as entrevistas ou coletivas.
Segundo a revista, no dia 7 de maio de 2016, Moro comentou a recomendação do apresentador do Domingão do Faustão com o procurador Deltan Dallagnol pelo Telegram. "Ele disse que vocês, nas entrevistas ou nas coletivas, precisam usar uma linguagem mais simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28 anos na TV. Pensem nisso", relatou Moro ao procurador. O apresentador confirmou a conversa com Sérgio Moro à reportagem.
Eduardo Cunha
No dia 5 de julho de 2017, Moro questionou Deltan Dallagnol sobre rumores de uma possível delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB-RJ). Na conversa, o então juiz mostrou-se contrário a um possível acordo. "Espero que não procedam", escreveu Moro às 23h11. "Só rumores. Não procedem", respondeu Dallagnol três minuto depois. "Acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par", finalizou. "Agradeço se me mantiver informado. Sou contra, como sabe", opina Moro.
Cunha teria prometido falar sobre sobre Temer e pelo menos mais 50 deputados, senadores e ministros, entre outros políticos. A proposta de delação do ex-presidente da Câmara foi rejeitada pela Lava-Jato um mês depois da conversa entre Dallagnol e Moro no Telegram.
"Aha uhu o Fachin é nosso"
Em 13 de julho de 2015, Dallagnol comenta com os colegas do MPF que conversou 45 minutos com o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). "Aha uhu o Fachin é nosso", diz Dallagnol aos colegas.
Seis dias antes, a preocupação dos procuradores era que, como a proposta de delação de Eduardo Cunha atingia políticos com foro privilegiado, a palavra final para assinar um acordo passava para a Procuradoria-Geral da República (PGR), e a homologação deveria ser assinada pelo Fachin.
"Faltou uma prova"
Em uma conversa de 28 de abril de 2016, Moro avisou Deltan Dallagnol de que havia faltado uma prova na denúncia de Zwi Skornicki — empresário e lobista acusado de intermediar propinas no esquema de corrupção da Petrobras. A informação é dada por Dallagnol à procuradora Laura Tessler, que foi afastada depois por sugestão do Dallagnol.
Skornicki tornou-se delator da Lava-Jato e confessou que pagou propinas a funcionários da estatal, entre eles, Eduardo Musa, também mencionado por Dallagnol em conversa. "Laura, no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele", fala Dallagnol. "Ih, vou ver", responde.
No dia seguinte, segundo a Veja, o Ministério Público Federal (MPF) incluiu um comprovante de depósito de US$ 80 mil feito por Skornicki a Musa.
Bumlai
Em 17 de dezembro de 2015, Moro cobrou manifestação do MPF no pedido que revogava a prisão preventiva do pecuarista João Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Preciso manifestação MPF no pedido de revogação da preventiva do bmlai ate amanhã meio dia", sugere Moro. "Ok, será feito" responde Dallagnol. "Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém... pena que parece que quem emitiu a decisão anda meio estranho", completa.
"Não ter pressa"
Em uma conversa em 23 de outubro de 2015, o procurador Athayde Costa pergunta em um dos grupos da força-tarefa quem sabe onde está um documento apreendido com Flávio Barra — executivo da Andrade Gutierrez preso pela Lava-Jato. Uma pessoa ainda não identificada responde que se esqueceu de incluir o documento no processo eletrônico pois Moro o havia orientado a "não ter pressa".
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