Diretor de clube da 3ª divisão de MG (ACTC) é investigado por estelionato; jogador pagou R$ 3,7 mil ao cartola

O diretor do Atlético Três Corações, Wesley Carneiro (foto), é investigado pela Polícia Civil por suspeita de estelionato. Conforme as denúncias, ele teria recebido dinheiro de jogadores ao prometer que os colocaria para atuar pelo clube, que disputa a Segunda Divisão do Mineiro (3ª divisão). Os atletas, no entanto, não chegaram a entrar em campo.

As denúncias foram feitas à polícia e ao Ministério Público por atletas e outras vítimas que pagaram o dirigente. Os jogadores disseram que teriam pagado ao dirigente por taxa de inscrição na Federação Mineira de Futebol (FMF), mas o registro nunca foi feito. Eles também teriam recebido a promessa de serem emprestados para outros clubes do futebol mineiro.

Promessa de retorno ao futebol

Um desses jogadores a fazer a denúncia é Patric Carneiro, de 31 anos. Depois de passagens por times do Sergipe, o atleta iria retornar ao futebol profissional após dois anos por conta da proposta que teria sido feita por Wesley.

De acordo com o jogador, o diretor do Atlético TC prometeu registrá-lo no time de Três Corações e depois emprestá-lo para clubes como União Luziense e Patrocinense. O pagamento foi feito, mas o serviço não foi prestado.

- O Wesley fez contato comigo prometendo a minha volta ao futebol no Atlético Três Corações, que eu iria assinar contrato com o Três Corações e ele iria intermediar, me emprestar, para outros clubes. Seria o União Luziense, que ele disse que o treinador na época era amigão dele e que estava tudo certo. Nisso ele já começou a envolver dinheiro, R$ 3,7 mil logo de começo, que ele cobrou logo de cara. Ele alegou que era para taxas de transferência, taxa para cobrar a carteira de trabalho - falou o jogador à reportagem.

A proposta de emprego e empréstimo chegou ao jogador por meio do empresário dele, Marcos Luiz Franco. O profissional colocou o jogador em contato com o dirigente. Ele disse que não suspeitou da cobrança, pois, segundo ele, é comum em muitos clubes do interior. O empresário disse que Wesley Oliveira não devolveu o dinheiro e não apresentou os comprovantes de registro do atleta.

- Chegou em um momento e disse: ‘então o Patric vem em julho, que vamos começar a montar o profissional para jogar a terceira divisão do Mineiro e o Patrick vem para fazer parte desse grupo’. Mas tem um detalhe, o Campeonato Mineiro, na terceira divisão, é Sub-23, e o Patric não poderia se encaixar nessa competição - falou o empresário.

- Aí depois ele começou a desconversar, falou que iria pagar. Ele mandou um print do extrato bancário falando que não tinha dinheiro na conta. Ele não deu satisfação ao Patric com relação a esse dinheiro. Ele falou que gastou todo dinheiro pagando as taxas, mas em momento nenhum ele passou nenhum comprovante das taxas pagas. Falou que não conseguiu registrar o Patric no BID porque o Atlético Três Corações está com um problema na federação Mineira de Futebol, que o BID não estava liberado para eles. Então, se não estava liberado como que ele pediu o valor para o Patric pagar, sendo que não havia acesso à federação. Onde foi parar esse dinheiro?” – completou.

O advogado do Patric, Alisson Mendes, informou que vai mover ação contra Wesley para reparar os danos que o cliente dele sofreu e que vai avaliar acionar também outras pessoas que podem estar envolvidas no caso.

O que dizem os citados

Wesley Oliveira é diretor de futebol do Atlético Três Corações e um dos responsáveis pela gestão do clube. Ele foi preso duas vezes por estelionato: em 2013, por aplicar golpes em imobiliárias de Lavras e em 2020, por se passar por agenciador de jogador de futebol, em Belo Horizonte.

Patrick é apenas um dos jogadores a entrarem em contato com a EPTV. Há mais famílias que reclamam de pagamentos feitos e serviços não prestados pelo dirigente.

Wesley disse à reportagem da EPTV que recebe a notícia das denúncias com surpresa, mas também com tranquilidade. O diretor falou que os serviços e valores firmados dependem do plano de cada jogador e que esses valores enquadram outros serviços como, por exemplo, a prestação de serviço de personal trainer.

O cartola falou que não define prazos de quanto tempo o serviço irá durar. Ele também disse que não tem mais vínculo com o União Luziense e que nunca trabalhou com o Patrocinense.

Ele disse também que a dificuldade de contato com ele ocorre muitas vezes por telefone, mas que ele sempre está no clube.

O União Luziense e o Patrocinense foram procurados e o ge aguarda retorno. A Polícia Civil não deu detalhes sobre a investigação.

A FMF informou que é atribuição exclusiva dos clubes fazer a inscrições dos jogadores e que os valores informados pelo diretor do Atlético TC estão muito acima dos cobrados pela entidade para o registro de atletas. Conforme a federação, o registro de contrato de um atleta profissional que ganha até um salário mínimo, por exemplo, custa R$ 250.

(Ge)