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Cunha recebeu a visita da família na cadeia em Curitiba, no início da semana, e teria se emocionado
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O presidente de
facto, Michel Temer, e seus auxiliares mais próximos estão em alerta
máximo. Eles passaram a receber, nos últimos dias, novas ameaças do deputado
cassado, e preso, Eduardo Cunha. As noites, na fria carceragem da Polícia
Federal, na capital paranaense, têm sido demais para o ex-presidente da Câmara.
Testemunhas que conversaram com a reportagem do Correio do Brasil disseram
tê-lo visto chorando ao abraçar a mulher, a jornalista Cláudia Cruz. Ela e os
filhos o visitaram, no início da semana.
Cunha tenta, em suas últimas esperanças de evitar um longo
período atrás das grades, convencer os demais correligionários. Hoje, na
condução do país, seus parceiros deveriam ajudá-lo na guerra contra a Operação Lava Jato, acredita.
Mas pode ser tarde demais. Suas primeiras conversas acerca de uma possível
delação premiada têm esbarrado nos procuradores do Ministério Público Federal
(MPF). Parte deles prefere ver Cunha preso por muito tempo, ao invés de ter a
pena reduzida. O peemedebista fluminense é acusado de receber mais de US$ 6
milhões em propina no esquema de corrupção na Petrobras.
Cunha e os ‘peixes graúdos’
Após negociar a confissão de Odebrecht, a delação de Cunha passa
a ter peso específico. Somente interessaria ao Judiciário caso o peemedebista fluminense
disponha de provas objetivas contra cúmplices do mais alto escalão. Entre eles,
o presidente licenciado da legenda, Michel Temer, e políticos já citados,
como o senador José Serra (PSDB-SP). Atual ocupante do ministério das
Relações Exteriores, Serra já foi citado por receber mais de R$ 20 milhões em
dinheiro sujo.
— Muitas pessoas e alguns articulistas dos principais jornais do
país andaram falando assim, como se nós tivéssemos uma obrigação de fechar um
acordo com Cunha. Eu não vou trocar o Cunha por alguém abaixo dele, eu tenho
que trocar por alguém da mesma hierarquia ou acima dele, essa é a lógica do
sistema. A menos que ele venha me entregar 200 deputados, 200 deputados menores
que ele, daí eu até poderia ter uma multiplicação no sentido quantitativo —
disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, a jornalistas.
Ele é um dos principais integrantes da força-tarefa.
Acordo fechado
Ao contrário de Cunha, que apela para se ver livre das grades,
Odebrecht teria fechado, na véspera, o seu acordo de delação premiada. A defesa
do dono da empreiteira teria chegado a um acordo sobre um dos principais
pontos da delação premiada. Acertaram que Odebrecht permanecerá preso, em
regime fechado, até dezembro de 2017. A pena total deve ser de dez anos, com
dois e meio em regime fechado.
A delação de Marcelo e dos executivos do grupo atinge todo o
sistema político. Inclui Michel Temer, que teria pedido R$ 10 milhões em
caixa dois. E Serra, com depósitos de R$ 23 milhões numa conta
secreta, na Suíça.
Odebrecht está preso desde junho do ano passado, sob suspeita de
envolvimento no esquema de desvios da Petrobras. Esse período de um ano e
quatro meses será descontado da pena total, de acordo com pessoas ligadas às
negociações, segundo adiantaram seus advogados.
Pena rígida
Em dezembro de 2017, segundo o acordo celebrado, o empresário
entraria em progressão de regime, cumprindo pena no semiaberto e aberto,
inclusive o domiciliar. No início de outubro, as autoridades da Lava Jato
iniciaram as negociações para que ele cumprisse pena de quatro anos em regime
fechado.
Sua defesa, no entanto, conseguiu negociar a redução da punição,
alegando que era muito rígida. Afinal, o empresário denuncia políticos de alto
calado e contratos públicos de valores astronômicos.